Uma história à beira dos rios
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- Categoria: a história do vinho
Já reparou que muitas das grandes denominações de origem encontram-se em região de rios? Por que será?
Pare para pensar em alguns nomes: Bordeaux, Vale do Loire, Mosel, Douro/Ribeira del Duero, Napa Valley, Côtes du Rhône, La Rioja... O que essas denominações têm em comum, além de grandes vinhos? Belos rios nas proximidades dos vinhedos!
Belos rios significam belas paisagens. Mas a magnitude visual, e a imagem poética não explicam a qualidade dos vinhos, é claro.
A resposta então, deve estar na tradição histórica. As sociedades se formavam em torno dos rios, por uma questão de sobrevivência, e também de facilidade de transporte. Basta ver a civilização egípcia, que cresceu às margens do Rio Nilo, milênios antes de Cristo, e que já tinha enraizada a cultura da vinha e do vinho. Sim, tudo isso está certo, mas não explica porque há grandes denominações em regiões de rios, ainda nos dias de hoje!
Então, deve ser a irrigação! Não, a natureza não seria tão óbvia, assim...! Por incrível que pareça, a influência positiva dos rios, sobre os vinhos, não tem nada a ver com a irrigação dos vinhedos.
O fato é que os rios favorecem a prevalência de boas colheitas porque influenciam sensivelmente o clima por onde passam, amenizando extremos, ou seja, amenizando excessos.
Já percebeu que, após uma noite fria, o mar ainda continua gelado mesmo na presença do Sol? Ou então, já percebeu que, após um dia muito quente, o mar se mantém morno até mesmo de noite? Isso acontece porque a água tem maior capacidade de reter temperatura do que o ar.
A influência de um rio em regiões vinícolas muito frias
Assim, em regiões muito frias, o rio funciona como um aquecedor durante as noites geladas, além de refletir a luz do Sol durante o dia. Dessa forma, o rio impulsiona o amadurecimento das uvas, que demoraria ainda mais na sua ausência. Com o rio, uvas de regiões muito frias equilibram a acidez natural esperada, com o açúcar advindo do amadurecimento. Um exemplo? Riesling alemão, do Vale do Mosel.
E se não houver rio?
Em regiões frias e secas, que não contam com a presença de um rio, um dos grandes desafios do viticultor é orquestrar o bom amadurecimento das uvas. Exemplo? Riesling canadense, da Península do Niágara.
A influência de um rio em regiões vinícolas muito quentes
Em regiões quentes, por sua vez, o rio abranda o calor dos vinhedos, impedindo que as uvas amadureçam ao ponto de perder a acidez necessária para alcançar o tão valorizado equilíbrio de um vinho. Exemplo? Os vinhos espanhóis de Ribera del Duero.
E se não houver rio?
Em regiões quentes e secas, onde não há rios, os produtores têm como desafio evitar a maturação precoce, ou a supermaturação das uvas, para produzir vinhos de qualidade. Exemplo? Os vinhos portugueses do Alentejo.
Mais uma vez, nada como aprender, divertindo-se. Se for com vinho, então, melhor ainda!
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